A ESCRAVA ISAURA
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Leoncio com gesto ameaçador; — repete; que estás dizendo?

— O mesmo, que o senhor acaba de ouvir, — redarguio Henrique com firmeza, — e fique certo, que o seo indigno procedimento não ha-de ficar por muito tempo occulto a minha irmã.

— Qual procedimento!? tu deliras, Henrique?...

— Faça-se de esquerdo!... pensa que não sei tudo?... emfim, adeos, senhor Leoncio; eu me retiro, por que seria altamente inconveniente, indigno e ridiculo da minha parte estar a disputar com o senhor por amor de uma escrava.

— Espera, Henrique... escuta...

— Não, não; não tenho negocio nenhum com o senhor. Adeos! — disse e retirou-se precipitadamente.

Leoncio sentio-se esmagado, e arrependeo-se mil e uma vezes de ter provocado tão imprudentemente aquelle leviano e estouvado rapaz. Ignorava, que seo cunhado estivesse ao facto da paixão, que sentia por Isaura, e dos esforços, que empregava para vencer-lhe a isenção e lograr seos favores. E’ verdade que lhe havia fallado sem muito rebuço a esse respeito; mas algumas palavras ditas entre rapazes, em tom de mera chocarrice, não constituião base sufficiente, para que sobre ella Henrique podesse articular uma accusação séria contra elle em face de sua mulher. De certo