— Valha-me Deus! — pensou Isaura ao dar com os olhos no jardineiro. — Que sorte é a minha! ainda mais este!... este ao menos é de todos o mais supportavel: os outros me amofinão, e atormentão; este ás vezes me faz rir.
— Muito bem apparecido, senhor Belchior! então, o que deseja?
— Senhora Isaura, eu... eu... vinha,.., — resmungou embaraçado o jardineiro.
— Senhora!... eu senhora!... também o senhor pretende caçoar commigo, senhor Belchior?...
— Eu caçoar com a senhora!... não sou capaz... minha lingoa seja comida de bichos, se eu faltar com o respeito devido á senhora... Vinha trazer-lhe estas froles, se bem que a senhora mesma é uma frol...
— Arre lá, senhor Belchior!... sempre a dar-me de senhora!... se continúa por essa forma, ficamos mal, e não acceito as suas froles... Eu sou Isaura, escrava da senhora D. Malvina; ouvio, senhor Belchior!
— Embora lá isso; é sóverana cá deste coração, e eu, menina, dou-me por feliz se puder beijar-te os pés. Olha, Isaura...
— Ainda bem! Agora sim; trate-me desse modo.
— Olha, Isaura, eu sou um pobre jardineiro, lá isso é verdade; mas sei trabalhar, e não has-de achar vazio o meo mealheiro, onde já tenho