inveja e aversão mortal. Em duas palavras o leitor ficará inteirado do motivo desta malevolencia de Rosa. Não era só pura inveja; havia ahi alguma cousa de mais positivo, que convertia essa inveja em odio mortal. Rosa havia sido de ha muito a amasia de Leoncio, para quem fôra facil conquista, que não lhe custou nem rogos nem ameaças. Desde que porém inclinou-se a Isaura, Rosa ficou inteiramente abandonada e esquecida. A gentil mulatinha sentio-se cruelmente ferida em seo coração com esse desdem, e como era maligna e vingativa, não podendo vingar-se de seo senhor, jurou descarregar todo o peso de seo rancor sobre a pessoa de sua infeliz rival.

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— Um raio que te parta, maldito! — Má lepra te consuma, cousa ruim! — Uma cascavel que te morda a lingoa, cão danado? — Estas e outras pragas vomitavão as escravas resmungando entre si contra o feitor, apenas este voltou-lhes as costas. O feitor é o ente mais detestado entre os escravos; um carrasco não carrega com tantos odios. E’ abominado mais do que o senhor cruel, que o munio do azorrague desapiedado para açoital-os e acabrunhal-os de trabalhos. E’ assim, que o paciente se esquece do juiz, que lavrou a sentença para revoltar-se contra o algoz, que a executa.