perseguires com a tua má lingua, como principias a fazer, creio que hei-de ficar mais satisfeita e socegada aqui.
— Nessa não creio eu; como é que você pode ficar satisfeita aqui, se não acha moços para namorar?
— Rosa, que mal te fiz eu, para estares assim a amofinar-me com essas fallas?...
— Olhe a sinhá não se zangue!... perdão, dona Isaura; eu pensei, que a senhora tinha esquecido os seos melindres lá no salão.
— Podes dizer o que quiseres, Rosa; mas eu bem sei, que na sala ou na cosinha eu não sou mais do que uma escrava como tu. Tambem deves-te lembrar, que se hoje te achas aqui, ámanhã sabe Deos onde estarás. Trabalhemos, que é nossa obrigação, e deixemos dessas conversas que não tem graça nenhuma.
Neste momento ouvem-se as badaladas de uma sineta; erão tres para quatro horas da tarde; a sineta chamava os escravos a jantar. As escravas suspendem seos trabalhos, e levantão-se; Isaura porém não se move, e continúa a fiar.
— Então? — diz-lhe Rosa com o seo ar escarninho, — você não ouve, Isaura? são horas; vamos ao feijão.
— Não, Rosa; deixem-me ficar aqui; não tenho fome nenhuma. Fico adiantando minha tarefa, que principiei muito tarde.