mostrando os calcanhares sem meias, num batepés barulhento.
Já agora não sentia só o cheiro do café, como em S. Bento, sentia também o do açúcar ensacado, o das mantas nauseabundas da carne-seca, o dos jacás de toucinho nos trapiches e nos grandes armazéns, e do de sabão das fábricas, numa mistura enjoativa e asfixiante.
Veio-lhe a impressão de atravessar o ventre repleto da cidade, abarrotado de alimentos brutos, ingeridos com a avidez porca da doidice - e olhou para si, receoso de encontrar nódoas e imundicie por toda a sua pessoa.
E assim foi andando até as Docas, já esquecido do Ribas e já esquecido do velho Mota. Ao pé das Docas parou.
No chão, perto da porta, sacas de milho sobrepostas exalavam cheiro de fermento; o caruncho, passando por entre os fios do cânhamo, passeava ao sol.
Num banquinho de pau, e toda derreada sobre os joelhos, uma baiana de ombros roliços e dentes sãos vendia gergelim, mendubi, batata doce e tangerinas aos marinheiros chegados essa manhã do Norte. Pelo grande portão em arco, viam-se lá dentro das docas os caminhões seguirem pelos trilhos para o cais, e as galerias em cima, por cujas rampas as sacas,