enjoada pela bondade daquela criatura.
A culpa era do sangue, da sua raça, que menos estima os superiores quanto mais estes a afagam. Por isso ela morria de amores por Mário, um rapazinho atrevido, de gênio autoritário e palavras duras.
Começava a alisar a primeira camisa do patrão, quando Dionísio se acercou da tábua.
— Agora é que você está chegando, Dionísio?!
— É. Fui levar um recado de seu Mário... A senhora já sabe que ele deixou a francesa? Esta agora é mais bonita; é uma carioca de se lhe tirar o chapéu
— Ora veja só como Dionísio está tolo... Ela apontou as crianças, que poderiam ir mexericar lá para dentro. E depois:
— É loura ou é morena?
— Morena, altinha, muito chic.
— Bem. Vá arrumar o quarto de Mário, ande.
Mal saiu o Dionísio entrou a criada Orminda, uma caboclinha de olhar sonso.
— Olhe aqui, d. Noca, o que eu achei embaixo do travesseiro de d. Nina.
— Que é? perguntou a mulata, sem levantar a vista do trabalho.