Um retrato.
Noca olhou; era um retrato de Mário. Guardou-o, sem dizer nada. Orminda continuou:
— Minha ama está escrevendo uma carta, lá no quarto...
— É para Sergipe.
A cabocla sorriu.
— O professor de música está ai...
— Já sei.... Vai pedir ao jardineiro um pouco de hortelã, anda, para eu botar de infusão.
Noca tinha ascendência sobre a criadagem, que a tratava por dona. Mesmo entre os brancos a palavra da sua experiência era ouvida com acatamento. Ela era a mulher desembaraçada, a doceira dos grandes dias de festa, a única das engomadeiras capaz de satisfazer as impertinências do dono da casa; ninguém sabia como a Noca preparar um remédio, um suadouro, nem dar um escalda-pés sinapisado, nem tão bem escolher o peixe, preparar um pudim ou vestir uma criança.
Alegre, forte, faladora e arrogante, com o gênio picado e a língua pronta para a réplica, não admitia admoestações nem conhecia economias. As suas roupas, muito asseadas, cheiravam bem; andava de cores claras e fitas