Enquanto, no bulício da casa, todos se agitavam no trabalho ativo, Camila conservava-se no seu quarto, muda, encolhida em uma poltrona, com as mãos inúteis, o olhar febril.

A visão daquela. mulher de luto, da manhã do Netuno, não a deixava nunca; sentia-lhe, como um castigo, a formosura, o perfume, e aquele ar discreto de honestidade e de elegância. O que a punha doente, e que a atormentava ainda mais era a obstinação de Gervásio em negar-lhe uma explicação qualquer. Que haveria entre ambos ?

No seu ciúme e ressentimento, Camila esquiva-se agora ao médico; era em vão que ele a chamava para as suas doces e cruéis entrevistas. Mas toda a sua força em resistir ia afrouxando, e ela sentia bem que, apesar de tudo, chegaria um dia em que os seus pés a levariam para ele.

Foi ainda naquele canto do quarto que Francisco Teodoro a encontrou, ao voltar da cidade.

— Estás doente ? Olha que eu trouxe um camarote para a Aída. O Negreiros disse-me que vai muito bem por esta companhia...

— Que entende o Negreiros de música

— Ele tem excelente ouvido. Acho bom desceres. O Gervásio está lá em baixo...