Toda a sua pessoa ressumava fartura e a altivez de quem sai vitorioso de teimosa luta.
Gordo, calvo, de barba grisalha rente ao rosto claro, com os olhos garços tranqüilos e os dentes brancos e pequeninos, tinha um belo ar de burguês satisfeito.
Não era alto e quando andava fazia tremer a casa, tal a firmeza dos seus passos pesados.
Um ou outro empregado vinha de vez em quando fazer-lhe uma pergunta, a que ele respondia com paciência, indicando claramente as coisas, com minúcias, para evitar confusões.
Francisco Teodoro, à sua larga secretária de peroba, dava a face para o cofre de ferro, de trincos e fechaduras abertas.
Tinha ele por hábito, tornado já em cacoete, remexer com a mão curta e gorda o dinheiro e as chaves guardadas no bolso direito das calças. No começo da sua vida, dura de trabalho e de áspera economia aquilo seria feito com intenção; agora representava um ato maquinal, alheio a qualquer pensamento de avareza ou de orgulho de posse.
Depois de muitas horas de trabalho febril, sem repouso, vinha o momento de paragem, a hora do café, que um mulato moço, o Isidoro, levava primeiro ao escritório, servindo depois os empregados do armazém.