ao peitoril largo. Não viu nada. A voz arrastada de um bêbedo guinchava na esquina, em falsete, acompanhada por outra voz que falava na mesma toada. Uma nova lufada veio forte, terrível, abalando tudo.

A única janela iluminada da vizinhança fechou-se.

O bêbedo foi arrastado para longe, perderam-se os seus queixumes à distância, e só ficou o vento, cada vez mais forte, uivando, uivando.

Agora não parava; enchia tudo com o seu sopro formidável.

Sentia-se o estalar crepitante das folhas estorricadas pelo sol e o aroma das verdes, que ele ia levando pelo ar em revoada louca. Na inútil resistência da luta, as árvores contorciam-se, estalavam; caíam arbustos arrancados pelas raízes, e frutas verdes despenhavam-se sobre as telhas, com estrondo.

Nina expunha a cabeça nua ao açoite da tormenta, enervada pela fixidez da sua idéia. Entretanto, sabia, o Mário não merecia aquilo, não a amaria nunca.

Havia uns quinze anos já que ela morava naquela casa, levada pelo pai, o Joca: era então muito enfezada, apesar dos seus dez anos. Entrara para ali como poderia ter entrado para