Era a hora do café no armazém de Francisco Teodoro. O escritório estava cheio; o Inocêncio, miúdo e trêfego, retorcendo com mão nervosa o bigodinho alourado, com os olhos pequenos fulgurando-lhe no rosto pálido, dilatava as narinas, cheirando dinheiro, que lhe parecia andar esparso no ambiente de todo aquele enorme casarão de S. Bento.
Percebia as coisas de relance, e apanhava no ar as que lhe convinham.
A seu lado o velho João Ferreira, espadaúdo trigueirão, largo de faces e de gestos comentava com benevolência os atos do governo, berrando às vezes contra a opinião dos outros, que o atacaram por todos os lados em vivas represálias.
O Lemos sorria calado, muito estúpido para entrar em questões de tal ordem. Que lhe falassem do preço da carne seca, que importava em grosso, e dos jacás de toicinho, e a sua opinião figuraria logo com todo o peso da