autoridade. O Negreiros em pé, com o seu enorme nariz de cavalete, que a mão distraída acariciava de vez em quando, era o único republicano naquele ninho de velhos portugueses aferrados às instituições tradicionais da sua pátria e desta que o seu amor e o seu bem-estar escolheram.
João Ferreira desculpava a fraqueza dos homens; palrador, como todo o minhoto, discursava por gosto, abafando com o seu vozeirão as ironias do Inocêncio, um ou outro aparte medroso do Lemos, e os protestos de Francisco Teodoro, que não compreendia como um tão fiel monarquista pudesse achar desculpas para os desatinos desta "República de ingratos".
Negreiros sorria com a serenidade de um confiante. Ele fora sempre um republicano e um estremado e era por isso olhado por alguns dos seus compatriotas com estranheza e susto. Como João Ferreira no maior ardor de seu discurso esbarrasse com a expressão alegre do rosto de Negreiros, e lhe compreendesse o contentamento de o ter de seu lado, tergiversou e, com maldade alegre, achou logo também motivos de áspera censura ao mesmo governo que tinha gabado havia pouco. Não, que ele já estava maduro para dar o seu braço a torcer!