Aquela multidão aturdia-o.

O mar limpo e vasto obrigara-o sempre a viver das suas próprias comoções, a ser um isolado e um melancólico, afeito a amar na natureza o que ela tem de maior e de mais simples.

A onda do povo rude com que esbarrava, era bem mais complexa do que a do oceano que ele cortava com a proa firme do seu Netuno.

Talvez tivesse escolhido mal a sua profissão. A vida do homem era aquilo que ali estava: a agitação perene, o trabalho violento, o amor sem idealizações, o espetáculo renovado de tudo que a terra produz, mata e faz renascer para a fulguração do tempo, que é instantâneo e é eterno.

O próprio mar, que escolhera e a que se lançara na fantasia da adolescência, não era à orla branca da Terra que vinha atirar a sua grande queixa, a sua fúria formidável ou a sua voluptuosidade infinita?

A terra pálida dos areais, a terra cor de sangue das matas, a terra negra do ouro, a terra roxa dos cafeeiros, mãe da abundância, ou a terra clara dos laranjais, fonte de perfume, não é por ventura a parte do mundo consagrada ao homem, onde o seu suor, em caindo, se trasmuda em orvalho fecundo?