Havia no palacete Teodoro um compartimento que raras vezes se abria: era uma sala, destinada naturalmente na sua origem a biblioteca, e de que o negociante fizera o seu escritório. Ficava embaixo, no rés do chão, ao fundo do vestíbulo. toda voltada para o silêncio do jardim, que formava perto das suas janelas grupos de plantas sem aroma, dentro de grandes relvados, onde a bulha dos pés morria.
Como o negociante não usasse de livros. o seu escritório não tinha estantes. A mobília, de canela e de couro, guardava ali, na sua atitude impassível, um cunho de austeridade que não desdizia do aposento, vasto e sóbrio.
Aquelas cadeiras e aquele sofá de braços estendidos, tinham o ar das coisas a que a intimidade dos seres não deu ainda uma alma.
A melhor parede para uma armação era ocupada por dois quadros industriais, de ricas molduras lampejantes, e por um contador veneziano.