Sobre esse móvel, erguia-se, com ar de desafio, a estatueta de um cavalheiro de capa e espada e grande pluma ao vento.
Do lampião de bronze com abajur, caía uma luz bem dirigida, espalhando-se sobre a secretária em um largo círculo tranqüilo.
Foi para junto dessa mesa que Francisco Teodoro levou o amigo. o Inocêncio Braga, oferecendo-lhe uma cadeira ao pé da sua.
A figura trêfega daquele homem miúdo, que com os seus quarenta anos não parecia ter mais de vinte e cinco, o brilho movediço dos seus olhinhos, perspicazes e mergulhadores, a sua palidez baça, os seus movimentos rápidos e incisivos, a febre dos seus gestos, a clareza da sua exposição, punham em evidência a pacata atitude do dono da casa, a calma dos seus modos, de satisfeito, de burguês que já da vida alcançou tudo, e que se compraz em ver o mundo do alto do seu fastígio.
Com as mãos apoiadas na mesa, onde, a par de um vistoso tinteiro de prata maciça, só havia o Código Comercial de Orlando, Francisco Teodoro abria os ouvidos às palavras do outro, em quem pressentia o desejo arrojado de grandes vôos. Sabia-o tão inteligente quanto esperto, de uma atividade febril e fecunda. Esperava que aquela entrevista fosse para