Estou até com vontade de pedir a mamãe que me mande ensinar pintura...

— Não se abstraia do seu violino; mesmo servindo a uma arte só, é raro haver quem a sirva dignamente. Estude só música, só música e não pense em mais nada...

Passados dias dava-se por finda a decoração da sala e Ruth voltou a não encontrar jeito de estar dentro de casa, no meio da balbúrdia dos trabalhadores. Passava agora outra vez o dia no balanço, ou no caramanchão das rosas amarelas, fazendo do parque o seu salão de música e de leitura. Ensinava as gêmeas a trepar às arvores ou coroava-as de flores e punha-lhes palmas nas costas, à guisa de asas.

Um dia, porém, a confusão chegou ao próprio parque. Abriam um novo lago e alteravam o desenho dos relvados para os efeitos da iluminação. Homens em mangas de camisa iam e vinham por entre os canteiros, falando alto, e gesticulando afanosos e zangados.

Não tendo já para onde fugir, Ruth pediu à mãe que a mandasse com a Noca para o Castelo. Passaria dois dias com as tias velhas. A tia Joana prometera-lhe histórias de santos e levá-la às igrejas e ao Observatório para ver a lua e as estrelas.