Mas, sempre que, altas horas da noite, sutil e trêmula, deslizava para a portaria com atenção de fugir, esbarrava com a Virgem, fazia-lhe a sua reverência profunda, murmurando contritamente: - Ave! e passava; mas, oh! surpresa! a grande porta do convento desaparecera, e na portaria, como em todo o claustro, só havia grossas paredes impenetráveis.

Soror Pálida voltava atônita, e a Virgem sorria-lhe do seu nicho azul.

Por serem sempre as flores presentes de namorados, o moço capelão levava todas as noites rosas à sua eleita. No outro dia toda a comunidade entoava:

— Milagre! milagre! a Irmã da Virgem recebe rosas do céu. Os anjos trazem-lhe flores do Paraíso, como a Santa Dorotéia!

Assim acreditavam, visto que só cardos e espinheiros bravos nasciam em redor, por aquelas penedias.

E entoavam hinos.

Cansado de esperar, por uma noite trevosa e triste, o moço capelão aconselhou a freira a que passasse de olhos fechados pela Virgem, rosto voltado para a outra banda.

Assim fez a louquinha, mas de coração apertado em muita agonia. Dessa vez achou a porta do convento mal fechada: dir-se-ia que