lá, condescendeu em beijá-lo. Louca! que fizeste? foi a tua perdição! Ele sumiu-se e ela ficou de joelhos, muito trêmula, muito alvoroçada.

Em vão coseu cilícios às suas carnes, em vão se rojou pedindo a Deus que lhe apagasse da memória aquele pecado doce e horrendo; em vão! O beijo ali estava sempre nos seus lábios, sentia-o quente, perfumado, embriagador.

Soror Pálida já não era a mesma; perdia o sentido das rezas, tinha delíquios, abstrações.

O moço capelão voltou, mais uma noite, mais outra, induzindo-a a que fugisse: iriam viver bem longe, numa casinha branca, entre pomares cheirosos e águas cristalinas.

Ela recuava, com temor de tamanho crime; mas ele estendia-lhe os lábios e convencia-a de que o amor vale mais que o céu, mais que a perpétua bem-aventurança, mais que tudo!

E tornava a suplicar-lhe que fugisse: ele a esperaria junto à portaria, com os cavalos prontos, mais rápidos que o vento.

Sabe-se como essas coisas são: mau é dar-se ouvidos a primeira vez. A freira já não pensava senão em varar aquelas charnecas longuíssimas ao galope de um cavalo ardego, sentindo palpitar o coração do seu cavaleiro enamorado.