— Não vou; mande a Sancha deitar-se primeiro. A senhora não tem coração?!

— Ora vá-se ninar! Sancha praqui!

A negrinha tinha-se refugiado a um canto, perto do fogão, e exagerava as dores, torcendo-se toda, amparada pela compaixão da Ruth.

D. Itelvina avançou os dedos magros, e, agarrando-a por um braço, puxou-a para si; a sobrinha então abraçou-se à negrinha, unindo a sua carne alva, quase nua, ao corpo preto e abjecto da Sancha.

— Bata agora! tia Itelvina, bata agora! gritava ela, em um desafio nervoso, sacudindo a cabeleira sobre os ombros estreitos.

D. Itelvina atirou fora a vara e disse para a negra:

— Vai-te deitar, diabo! foi o que te valeu...Mas nós havemos de ajustar contas...

Sancha esgueirou-se para um quarto escuro, onde os ratos faziam bulha, e Ruth, arrepiada, trêmula, voltou silenciosa para o quarto da tia Joana.

A velha amarrava um lenço na cabeça. A sobrinha interrogou-a:

— É sempre assim?

— Não... uma vez ou outra.

— Mas como podem viver neste inferno?!