e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustiça tremenda e alegrasse em felicidade perfeita o coração da negra.
— Sim, o coração dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava Ruth, confusa, com os olhos no altar.
Quando acabou a missa, tia Joana quis fazer a sua penitência, umas coroas de rosário que ela disse a meia voz, de olhos cerrados.
Ao saírem do convento, dois frades retiveram a velha junto à pia de água benta, interessados pela sua saúde, cobrindo-a de bênçãos e de boas palavras. Fora, já o sol irrompera vitorioso, estraçalhando os últimos farrapos de neblina.
A velha lembrou a Ruth que ainda teriam tempo de ir morro abaixo até a igreja do Carmo.
Ruth não respondeu; deixou-se levar. Mais valia andar de igreja em igreja do que voltar para o triste casarão da tia Itelvina.
— Você conhece a igreja do Carmo?
— Não, senhora. Ouço sempre missa na capela do colégio. Não gosto das igrejas grandes.
— Por que?!