mal alumiada e que tresandava a azeite de lamparina, Ruth via na imaginação impressionada as estrelas, globos enormes de cristal cheios de luz e cheios de flores, fulgurando e espargindo aromas. Já ela adormecia e ainda a tia lhe ouviu em um murmúrio entrecortado:
— Como é bonito!
No dia seguinte, quando acordou, era tarde. Tia Joana saíra sozinha para as devoções; nem a pressentira. Tia Itelvina andava aos berros pela casa.
Ruth saltou da cama assustada e foi entreabrir a porta:
— Que é?
A tia respondeu-lhe com mau modo, em uma rebentina:
— A Sancha fugiu!
Um tremor de febre percorreu o corpo de Ruth.
Atirou-se para a cama, puxou os lençóis até a cabeça. Para onde teria ido a pobre, sozinha, sem conhecer ninguém? De quem seria a culpa se lhe acontecesse uma desgraça?... De quem, senão dela?... Ora! sempre seria mais feliz lá fora...
Quando nesse dia Noca apareceu no Castelo, Ruth lançou-lhe os braços ao pescoço. Era a sua libertação.