e. tantas as suas exclamações, que a tia observou:
— Você é muito exagerada, Ruth!
Ruth nem a ouviu; olhava embevecida. No céu, de um azul fechado, aqueles pontos de ouro tomavam formas e dimensões excepcionais. Esta estrela era verde, aquela azul, aquela outra violeta, e uma como um bouquet de variados matizes e outra pálida, e outra afogueada, e outra diamantina, e todas imensas e luminosíssimas. Oh! as estrelas, que beleza de céu! Sobretudo as do Cruzeiro eram formosas, límpidas como o clarão da fé. Depois, aqueles chuveiros de ouro e prata, aquele fervilhamento multicor da via-láctea, raios de fogo dançando, cruzando-se, chispando em fagulhas de uma pirotecnia fantástica... Depois a lua...
— Nossa Senhora, que imensidade!... Como é bonito! Oh! tia Joana, como é bonito!
— Bom, bom; divirta-se...
Ruth não respondia; com o olho colado à lente, esmagada pela poesia daqueles esplendores, ficava embevecida, como se dos astros chovessem sobre ela aromas que a embriagassem.
— Filhinha, vamo-nos embora...
— Mais um bocadinho só... oh! tia Joana!
Nessa noite, deitada ao lado da tia na alcova