— Quer que eu mande tocar a sineta?

— É bom esperar um pouco; tua tia está em conferência com o Mário. De maneira que o Gervásio não voltará hoje por aqui?

Nina não respondeu, o coração batia-lhe com força. A idéia da Lage deu-lhe o pressentimento da verdade. Seria certo, Deus do céu que Mário se casaria com a outra? Conferência com ele... para quê?

Francisco Teodoro recostara-se em uma cadeira do terraço, lendo um jornal da tarde a que pouca atenção prestava. O que estaria a mulher a dizer ao filho? Julgava do seu dever não intervir naquela criançada; se o fizesse, seria para despersuadir a moça de tal casamento: conhecia a frivolidade do filho; o que o espantava era o consentimento do intransigente Meireles: só explicava aquilo por caduquice; miolo mole. - O homem ensandeceu! Ora, ora! dar a filha ao Mário! - resmungava ele de vez em quando, com estupefação, como se fizesse um comentário ao artigo acabado de ler.

Nina, que se agitava de um lado para o outro, indo de armário a armário, de janela a janela, veio para o terraço e encostou-se à balaustrada, muito abatida. De seus olhos pardos saía uma luz branca, onde relampejavam fulgores frios.