eram os lenços rotos, as ceroulas sem nastros, ou por que as cadeiras tinham um dedo de pó, ou por que as plantas das latinhas morriam nas janelas à mingua dágua, torradas de sol.
Enfadada, Emília fazia os reparos exigidos, em silêncio, com ar rebarbativo, então o velho voltava o rosto para a parede e fechava os olhos para reter as lágrimas.
Vinham-lhe à mente os seus bons tempos de Pernambuco e a alegria da sua defunta, tio ativa, tão pagodista e festeira.
Quem diria que de tal mãe...
À hora do jantar, a filha ajudou-o a ir para a mesa, em um canto da cozinha, ao pé de uma janela com vista para telhados.
De enfastiado, ele às vezes não se continha e suspirava:
— Que jantarzinho cangueiro...
Emília não respondia; punha-lhe no prato o feijão e a carne seca, que ele engolia com esforço.
Nesse dia a tarde estava quente.
O papagaio da vizinha arremedava as vozes e as gargalhadas das moradoras de baixo, reunidas no quintal.
Mota sentiu vontade de palrar um pouco também; mas a companheira voltou-lhe as costas