dos doentes. A pobre andava escada abaixo e escada acima, do sótão para a cozinha e da cozinha para o sótão, com os ombros vergados ao peso da bacia cheia de roupas ensaboadas ou torcidas, para estender lá em cima no telhado, a um calor de rachar.
A paciência esgotara-se-lhe, ela andava aos suspiros, cada vez mais cor de cidra.
Quando se mirava no espelhinho do seu quarto, ela mesma se achava feia. O seu rosto alongava-se, tomava uma expressão de animal.
O pai chamou-a:
— Emília, olhe, veja se pode dar uns pontos nestas meias... estão-me incomodando. O paletó está sem botões.
Ela não respondeu, foi dentro e voltou:
— Estão aqui outras meias.
— Tenha paciência, minha filha, eu não posso dobrar a perna...
Emília agachou-se e mudou as meias ao pai. Ele continuou:
— As minhas calças de brim estio muito encardidas, será bom alvejá-las enquanto eu estou em casa. Vão ser muito precisas. O meu terno de casimira está escovado?
Ela mal respondeu com um sinal de cabeça. O pai, querendo poupá-la, com remorsos de lhe dar semelhante existência, atrapalhava-a com exigências;