Os outros calavam-se.

O sol entrava com força pela sacada aberta; Francisco Teodoro pôs as folhas da janela em fresta e voltando-se atravessou vagarosamente e em diagonal o escritório até o canto da talha, cujo barro começou a raspar com a unha.

Da rua vinha uma bulha ensurdecedora: rolavam conjuntamente carroças e vozes praguejantes; os chicotes estalavam no ar e, em grossas nuvens de pó, o cheiro do café cru subia na atmosfera quente.

Súbito, Francisco Teodoro voltou-se para o guarda-livros e disse com voz segura:

— Mande as cartas. E entrou para o seu gabinete.

O empregado releu os sobrescritos e chegando-se à janela do fundo, que deitava para o interior do armazém, gritou para baixo:

— Seu Augusto!

Ninguém lhe respondeu, e como ele repetisse o chamado com mais força, o gerente voltou-se para cima com ar ameaçador e um outro caixeiro gritou:

— Seu Augusto ainda não voltou da rua!

Fechado o gabinete, Francisco Teodoro escreveu longamente Meireles e ao Mário, relatando-lhes o desastre, sem lamentações.