Fechada a carta, lembrou-se que poderia talvez ter recorrido à Lage, mas levantou logo os ombros; era uma mulher, que podia entender de negócios? De mais, as coisas iriam em declive rápido, e um novo empréstimo seria um compromisso irremissível... melhor fora não se ter lembrado dela. E as tias do Castelo? a essas pediria apoio para a família; ele já nada queria para si; poucos dias teria de vida: o golpe era muito forte para deixá-lo de pé. Mas a mulher?... e as filhas? E, afinal, acreditava ele na fortuna das velhas? onde a escondiam elas que ninguém a via? Riquezas, riquezas, vá a gente desencantá-las em cofres ávaros!

As cartas expedidas tinham marcado para o dia seguinte ao meio-dia a reunião dos credores no armazém, para verificação do estado da casa. Francisco Teodoro tinha algumas horas diante de si para avisar a família, mas faltava-lhe a coragem.

Saiu do escritório mais tarde, fugindo do encontro habitual de um ou outro amigo. Logo no primeiro quarteirão teve um sobressalto; à porta da casa Torres estaca um dos seus credores, o Serra; mal lhe adivinhou o corpanzil metido em alvejantes brins, com um fraque preto fugindo para trás e grossa corrente de ouro do Porto arqueando-se-lhe sobre o abdômen arredondado.