— Quando foi que ele te disse?

— Ontem à noite, em minha casa. Chorou.

— Chorou? Foi a primeira vez; eu nunca o vi chorar!

— A dor é forte.

— Já perdeu uma filha...

— Uma criança apenas nascida... Agora perde a sua honra de negociante, que ele preza acima de tudo.

— A sua honra! mas Teodoro não roubou nada!

— Não, mas empregou capitais em empresas de azar. A lei tem severidades. É preciso estar preparada para tudo.

— Quer dizer que ele pode ser preso?

— Quem sabe, não é provável, mas...

Os olhos de Camila, até então enxutos, encheram-se de lágrimas e ela disse, com os beiços trêmulos:

— Não! ele não sairá de ao pé de mim. Vá buscá-lo.

— Tu o amas, Camila!

Ela fez que sim com a cabeça e foi sentar-se junto ao médico, olhando-o de face.

Por algum tempo foi só o zumbir da abelha no resedá o único rumor que se ouviu na sala. Gervásio desviou os olhos.