— E sei que há de esperar com firmeza. Muito bem.

Eram cinco horas da tarde, e ainda Francisco Teodoro expunha com voz trêmula os negócios da casa aos credores, reunidos no seu escritório.

Ouviam-no todos silenciosos, mal se atrevendo, de longe, a uma ou outra pergunta, que a delicada compaixão do momento tornava tímida. O próprio Serra, afamado pela sua gordura e pela sua bruteza, fazia-se de leve quando andava, para que o assoalho não gemesse e tinha artes de transformar, para um brando sussurro, o seu vozeirão de trovoada.

Em baixo, o armazém parecia outro. Seu Joaquim permanecia sentado ao pé da mesa, enquanto os caixeiros pasmavam, inativos, para as rumas das sacas e para as aranhas negras do teto, que se suspendiam de viga para viga em grandes bambinelas de fumo lutuoso. No chão nem um grão de café; tudo varrido como se fora um dia santificado. Só na rua havia ainda a bulha das últimas carroças e o ronco de alguns armazéns que fechavam cedo e que parecia arrotarem de fartos.

Do seu ponto, seu Joaquim não perdia de