vista a casa do Gama Torres, agora a mais afortunada da rua.
Logo que recebeu o último aperto de mão dos seus credores, Francisco Teodoro refugiou-se no seu gabinete, para que o não vissem chorar; mas as lágrimas que o enchiam não chegaram aos olhos, o coração absorvia-lhas todas. Envelhecido, exausto, encostou-se a sua velha secretária, companheira de tantos anos de trabalho, e ali ficou, como um viúvo ao pé da eça em que a amada dorme o último sono.
Já os credores estavam longe quando ele, tomando vagarosamente o chapéu, entrou outra vez no escritório.
O Mota chorava, com os cotovelos fincados na escrivaninha. O guarda-livros levantou-se e disse:
— Eu esperava-o para despedir-me. Tenciono partir em breve para o Norte. Vou tentar outra vida...
— Faz mal, não devia cortar a sua carreira... seja feliz! Abraçaram-se.
Mota aproximou-se.
— E o senhor? perguntou-lhe Teodoro.
O velho fez um gesto de ignorância; depois suspirou.
— Fico pra ai à-toa...
— Recomendá-lo-