a tudo, visto que o dinheiro é o dominador do mundo e ele tinha dinheiro.
Ainda não compreendia como tendo trabalhado tanto, juntado com tão tremendo esforço em tão largo período de sacrifícios, deixara agora ir tudo por água abaixo em tão curtos dias. Desfazer é fácil!
Revoltado contra si, Francisco Teodoro cravou as unhas na calva, chamando-se de leviano e miserável. Como toda a gente se riria da sua falta de senso. A culpa era dele. Deixar-se levar por cantigas com a sua idade e sua experiência! Sentia ferver-lhe o ódio por todos os amigos que o tinham inebriado com palavras perigosas e fúteis. Então todos chamavam o Inocêncio Braga de honrado, perspicaz e arguto. Agora, depois de tudo feito e perdido, é que o diziam um especulador sem consciência. Mas agora era tarde; estava tudo perdido.
Recomeçar a vida? como? Já nem o próprio exemplo da coragem antiga lhe valia de nada.
A energia gastara-se-lhe. Nem o corpo nem o espírito resistiriam à luta tremenda de recomeçar.
Pela primeira vez Francisco Teodoro percebeu que há na vida uma coisa melhor do que o dinheiro: a mocidade. Com o corpo vergado, o espírito amortecido, ele era o homem extinto, o fantasma