um minuto o conforto do seu quarto cheiroso. Tinha criado fundas raízes no luxo, não se podia desprender por si, seria preciso que a arrancassem.

A culpa não fora sua... a última vez, essa, que se estendia sob um docel assim de rendas e de cetins? Só agora compreendia o valor das mínimas coisas na harmonia do conjunto.

Ali tudo era bom. A idéia da necessidade, do tacão acalcanhado, do chapéu feito em casa, do vestido forrado de algodão, irritavam-na até à doença. A pobreza tem morrinha; é suja.

Quis lembrar-se do seu quarto de solteira, buscando na humilhação do passado a resignação do futuro; dormira na mesma alcova que a irmã Sofia. Mal pôde reconstruir na memória o mobiliário barato desse aposento, em que havia roupas pelas paredes...

Noca andava pelo quarto; Camila olhou:

Era em frente àqueles grandes espelhos que o marido a encontrava quando voltava do trabalho, satisfeito dos seus negócios, pisando e falando alto, com as mãos carregadas de embrulhos de guloseimas e de jornais da tarde.

E não era para ele que ela picava nos seus vestidos claros uma flor, ou uma jóia discreta. Era para o Gervásio que adoçava a sua beleza