a curva negra do morro; a última cigarra adormecia nas flores abertas do flamboyant, e a alma dos seres invisíveis erguia-se na noite, enchendo-a de impenetrável e sagrado mistério...
Camila, com o olhar aberto para o veludo macio da sombra, percebia que estava tudo perdido, irremissivelmente. No outro dia escreveria uma carta a Gervásio, com a sua última palavra. O adeus definitivo. As lágrimas rolavam-lhe em fio pelo rosto abrasado; estava bem certa de que aquele era o dia da sua segunda viuvez.
Perdera na primeira o aconchego, as honras da sociedade, a fortuna e um amigo calmo, que não a repudiaria nunca... Na segunda, perdia a ilusão no amor, a fé divina na felicidade duradoura, o melhor bem da terra!
Chegara ao fim de tudo, à hora tremenda da expiação. Mas fora ela, por ventura, uma criminosa?
Maldizia-se, fora uma confiante, dera-se toda com os seus devaneios, os seus desesperos; dera-se completamente, absolutamente, e aquele a quem tudo sacrificara tinha-a deixado do lado de fora da sua vida, como a uma estranha.
Ele mentira-lhe, ele mentira-lhe!