Era meio-dia, quando o dr. Gervásio saltou do bonde e encaminhou os seus pés bem calçados para a rua dos Beneditinos.
Já o trabalho descia torrencialmente por toda a larga rua. Carroções fragorosos abalavam os paralelepípedos, ameaçando esmagar tudo que topassem adiante, numa chocalhada, aos arrancos dos burros alanhados pelas correias dos chicotes. Carroceiros vermelhos, de grenha suja e pés gretados, esbofavam-se agarrados aos grilhões dos varais, saltando diante das rodas, na bruteza selvagem da sua lida.
Ao alarido das vozes confundidas, misturavam-se o cheiro do café cru e a morrinha do suor de tantos corpos em movimento, como que enchendo a atmosfera de uma substância gordurosa e fétida, sensível à pele pouco afeita a penetrar naquele ambiente.
Através dos cristais da sua luneta de míope, o dr. Gervásio olhava para tudo com o