seu ar curioso, de cabeça erguida e narinas dilatadas, como se o olfato o ajudasse também um pouco a conhecer o porquê e o destino de todas aquelas coisas.
Com a bengala suspensa, os dedos das luvas irrompendo-lhe do bolsinho do veston, a cartola luzidia, a gravata clara, picada pelo brilho faulante de um rubi, ele atravessava como um estrangeiro aquelas ruas, só habituadas aos chapéus de coco, às roupas do trabalho diário, alpacas e brins burgueses, ou aos trapos imundos dos carregadores boçais.
Como tivesse perdido o endereço do velho Mota, teve o dr. Gervásio de subir ao escritório de Francisco Teodoro. No armazém, em baixo, a grita do negócio tocava à loucura: pareciam todos impelidos por molas flexíveis de movimentos rápidos; eram máquinas, não eram homens, aquelas criaturas nunca dobradas ao peso do cansaço...
O dr. Gervásio, presumindo-se de forte pela sua ducha fria e a sua ginástica de quarto, espantava-se da maneira lépida por que aqueles homens tiravam as sacas do alto das pilhas e as punham aos ombros. O seu braço fino, mas valente, sentia-se humilhado diante daqueles bíceps de atletas.
Francisco Teodoro sorria-se do seu espanto,