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A honestidade de Etelvina, amante...



— Por aqui? Temos de certo amor novo?

— Nem velho, meu caro amigo. Vim assistir ao espectáculo, como qualquer mortal. Sem outras intenções...

Era à porta de um teatro cheio de luzes e de gente. O cavalheiro que primeiro falara parecia contente; o outro era um dêsses rapazes em cuja face lemos o estouvamento, a estroinice, a violência impulsiva e que, apesar de tal genio, a viver em paixões, conflitos, desesperos e pândegas, conservam muitos anos depois de homens o mesmo ar de rapazes. A natureza, mantendo essa ilusão, atenua talvez o chocante efeito que tais temperamentos produziriam, se o físico não correspondesse à leviandade barulhenta das opiniões.

— Vem assistir apenas ao espectáculo? Ainda bem. Assistiremos juntos. A melhor maneira de ouvir uma peça sempre foi conversar durante os actos e falar das actrizes nos intervalos.

— Claro!

Mas nesse momento, o rapaz recuou e escondeu-se, positivamente escondeu-se por trás de um grupo de senhoras, que ameaçava a entrada. O cavalheiro voltou-se surprêso e viu que passava a correr a figurinha grácil da pequena actriz Etelvina Santos. Estava de vermelho, de aparência menina, ainda mais menina, — o seu poder definitivo sôbre as platéas de cá e de alêm mar. Na face fina como modelada em porcelana, luziam-lhe os olhos entre sonsos e maliciosos; e ela toda parecia um « biscuit » antigo de Sèvres. Passou, aliás, numa rajada. A criada que a seguia, era levada peia mesma ventania de pressa.