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quando permitirá o céu que ela fique nesta terra para flagelo e perdição de tanta gente…?!

— Foge dela, Ricardo, foge dessa beleza fatal, como quem foge de um espectro sinistro, de um dragão que nos quer devorar, como quem foge do espírito das trevas que nos quer arrastar para o seu reino de eternas dores. Não creias que é uma mulher; debaixo daquele aspecto de anjo se esconde uma serpente, que te morderá o peito e te infiltrará no coração sutil veneno e devoradora chama.

Vendo assim falar Roberto com o peito ofegante, o gesto abatido, o olhar sombrio e desvairado, como quem se achava debaixo da impressão de um terror sobrenatural, Ricardo compadeceu-se íntima e profundamente de seu irmão, como este outrora se havia compadecido de Rodrigo em idênticas circunstâncias.

— Bem sei, Roberto — replicou ele depois de curto silêncio —, bem sei quem é essa funesta beldade, posto que nunca a tenha visto; nem era preciso que me avisasses. De há muito tenho medo dessa mulher fatal, e fujo de seu encontro como quem evita os escolhos da ilha maldita. Posto que ainda muito jovem a experiência dos outros, e principalmente a tua e a de nosso irmão mais velho me fazem arrepiar de horror.

Mas para onde vais…? O que pretendes fazer,