Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/134

dando que cismar ao povo e alimentando mil crenças extraordinárias e sobrenaturais. Ele lá se erguia ainda, torvo e sinistro espectro, ameaça viva enchendo de receios e pavor as pobres e solícitas mães temerosas pela sorte futura de seus filhos.

Às vezes a viam envolta em um nevoeiro diáfano, circundada de penedias dependuradas sobre o mar, coroadas de viçosos vergéis, magnífico terraço, jardim pênsil construído sobre as vagas. Atraídos pela esplêndida perspectiva, um ou outro pescador mais audacioso afoutava-se a dirigir para lá o seu barco a toda força de remo e vela. O nevoeiro se dissipava; as ondas apareciam ermas, e a ilha encantada surdia além sobre outro ponto do horizonte como um cachopo estéril, bronco, açoitado pelas ondas enfurecidas.

Outras vezes era uma colina azulada que emergia das vagas com suas risonhas encostas mosqueadas de moitas de verdura, de coqueiros, mangueiras e outras árvores frondentes, e a vista penetrante de alguns pescadores julgava por lá divisar alguma cabana, animais, e um ou outro vulto humano vagueando pelas praias. Mas se alguém para lá endireitava a proa, via todos aqueles encantos irem-se esvaecendo gradualmente, e a ilha ou fugia perenemente diante dele,