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crédulos como as próprias crianças, sabem embalar-lhes a imaginação.

O rapazote, de que falamos, achava-se neste último caso; estava ansioso por ouvir alguma história bonita, principalmente se fosse a dessa ilha encantada, de que tanto ouvia falar, e que há muito tempo lhe preocupava a imaginação. Portanto apertava com o velho para que lhe contasse.

— Meu filho — respondeu por fim o velho pescador já fatigado das importunações do filho —, aquela ilha, que tanto me dá que pensar, é o Castelo da sereia, ou a Ilha da maldição. Aquele pequeno ponto, que lá vês nos confins dos mares, e que não é tão pequeno como daqui te parece, foi a fonte de muitas lágrimas e desgraças, e tem sido a causa de muito desastre para os habitantes deste lugar. Melhor seria que nunca quisesses saber a história do que por lá se tem passado.

— Pois que mal faz sabê-la, meu pai…?

— Que mal…! Ah! Meu filho, és ainda muito criança, e a curiosidade própria da tua idade pode despertar em teu coração o desejo de lá ir, e te acontecerá o mesmo que tem acontecido a outros rapazes imprudentes e curiosos demais.

— E o que é que lhes tem acontecido?

— Vão e nunca mais voltam.

O rapaz ficou pensativo por alguns instantes.