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— Mas, meu pai — prosseguiu ele —, eu não desejo por forma alguma pôr pé nessa ilha; Deus me livre de tal. O que eu queria era ver de longe essa moça e ouvir a cantiga, como dizem que muitos têm visto e ouvido.

— Que dizes, menino…? Deus te defenda.

É certo que alguns têm-se avizinhado da ilha a ponto de ver essa moça e ouvir-lhe o canto; mas são bem poucos. O que é de crer é que nesse lugar malsinado mora uma sereia, fada ou alma penada, que anda a cumprir um fadário de maldição; e ai daquele de quem ela se agrada! Se cai na imprudência de aproximar-se da ilha, uma onda traiçoeira, que de certo obedece aos conjuros da maldita, arrasta o barco do infeliz, que lá vai esbarrar no rochedo fatal, onde fica para todo o sempre.

— Mas eu bem podia ver a moça…

— A moça, tolinho…? Sabes tu o que ela é? Se é mágica, feiticeira, serpente ou o próprio satanás…?

— Pois bem, meu pai, eu juro que nunca tentarei lá pôr os pés; pelo contrário, fugirei dessa ilha o mais que puder. Mas se meu pai sabe essa história, que mal faz me contá-la? Deve ser bem bonita.

— Não sei se é bonita ou feia, só sei que é verdadeira. E em fim de contas — continuou o