Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/158

sobra para trazerem horrivelmente agitada a consciência.

Pelo que o leitor tem visto, a ilha, se pudesse ser vista a voo de ave, apresentaria precisamente a forma de uma ferradura, sendo formado o vão pelo golfo central, a chapa pelas colinas circunstantes, e a orla pelas penedias pendidas sobre o mar. Não se via nela construção alguma que mostrasse ter sido feita pela mão do homem, senão uma pequena e pitoresca choupana pendurada no viso de uma encosta assaz alcantilada, e essa mesma se achava por tal forma escondida debaixo de um lajedo saliente, que se debruçava sobre ela em forma de teto, e tão enteada entre festões floridos e frondosas ramagens que mais parecia uma gruta, um mimoso capricho das mãos da natureza. Era ali, por certo, a morada, ou antes o recatado e misterioso ninho da sereia.

Rodrigo ficou por momentos suspenso e absorto diante do maravilhoso espetáculo que se desdobrava ante seus olhos. Não duvidou mais da existência de encantamentos, e convenceu-se de que realmente se achava nos jardins de uma fada, pois só um poder sobrenatural, um condão de nigromante seria capaz de produzir maravilhas tais no seio daquele bronco e ignorado recinto perdido no meio do oceano.

— Regina é, pois, uma verdadeira fada! —