Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/169

arrostando todos os perigos, e tu me fugiste e desapareceste a meus olhos cantando sempre a tua abominável canção…

— A canção era simplesmente para pôr em prova a tua perseverança; mas eu te acenava para que me acompanhasses dando volta a ilha, e tu não me compreendeste…! E ai de mim…! Nem podias compreender, agora o vejo…

— Oh! Estulto e cego que eu fui…!

— Não, Rodrigo, a culpa era minha, mas hoje me compreendeste, tudo está sanado, esqueçamos nos braços um do outro todo esse triste passado. Graças a ti, meu belo, meu valente amigo, graças ao teu amor e à tua coragem, eis-nos hoje felizes…! Se tu não viesses, eu aqui viveria e aqui morreria ao desamparo na mais triste solidão, pois jamais consentiria que outro, que tu não fosses, penetrasse nesta minha morada.

Com estas e outras frases e afagos repassados do mais íntimo e extremoso afeto, Regina, travando da mão do mancebo, o ia conduzindo através das negras rochas, que mediavam entre a praia e o viso das colinas.

Já era sol posto e reinava, por entre aqueles meandros misteriosos, mística e silenciosa sombra quase igual à da noite. No intervalo de dois desses penedos que se inclinavam um para o outro, quase