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mas em vão; aquela gente, inimiga da luz do sol, ignorava até o uso do fogo.

Estava pois condenado a perpétuas trevas; estava como no túmulo em vida. O único pensamento que ainda o consolava, era a esperança de que aqueles selvagens não deixariam em breve de dar-lhe cabo da vida. Uma cena horrorosa, que lhe feriu os ouvidos, ainda mais o veio confirmar naquela ideia.

Por entre o alarido sinistro dos selvagens, Gaspar ouviu um ruído como de pauladas sobre um corpo humano, de ossos que se quebravam a repetidos golpes, e os gemidos de uma vítima nas agonias da morte. “Ai! meu Deus! meu Deus! piedade!” foram as últimas palavras que saíram dos lábios do padecente, e ecoaram lugubremente pela escuridão infernal daquelas abóbadas. Gaspar conheceu a voz de um de seus mais queridos camaradas; deu um arranco e um rugido de desespero; ai dele! o que poderia fazer senão esperar também com resignação a sua vez!…

Daí a pouco um novo rumor ainda mais estranho chegou-lhe aos ouvidos. Era o de um corpo, que se rasgava, que se esquartejava brutalmente entre as mãos daqueles ferozes selvagens, que se lançavam à preza e a disputavam entre si como um bando de cães esfaimados. Seguiu-