de amores, um ninho de delícias. Era filha do mar, talvez de alguma sereia, e à vista das maravilhosas histórias, que desde a mais tenra infância ouvira contar a respeito dessa ilha misteriosa, não hesitava em acreditar que esta não era defeito mais que o palácio encantado de sua mãe, que ela ali havia nascido, e que um desastre ou outro qualquer incidente roubando-a a seus pais e a sua pátria, a tinha arrojado nas praias dessa terra, onde vivia como exilada e em que não podia achar encanto algum.
Por isso aquela ilha tinha para seus olhos e para sua alma um misterioso e irresistível atrativo; por isso a viam muitas vezes solitária e triste sentada sobre um rochedo da praia contemplando aquele objeto de seus fantásticos amores e entoando endechas repassadas de saudade e melancolia. Dir-se-ia que tinha uma lembrança vaga de um mundo estranho, em que passara dias mais felizes e lamentava no exílio a perda de uma pátria querida.
Nestes cismas passava horas e horas excogitando um meio de avizinhar-se e de aportar mesmo a essa ilha que, inóspita para os outros, estava persuadida que para ela abriria seu seio acessível e franco, como se batesse ao limiar do lar paterno.
— Eu sei nadar e bracejar muito bem — refletia consigo