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ao menos arrefece, e nos deixa o espírito tranquilo e livre para cuidarmos de outros interesses.

Eis aqui com que intuito Roberto usou para com seu irmão da linguagem, que vimos no precedente capítulo. De feito, Rodrigo alentado de novas esperanças e cônscio de quanto se avantajava em prendas do espírito e do corpo a quantos até ali tinham requestado a formosa e insensível donzela, resolveu empregar novos e pertinazes esforços para ganhar-lhe o coração.

Vagando pelas praias arenosas dias inteiros, seguia as pegadas da fugitiva beldade, a qual adivinhando-lhe o intento o evitava cautelosa, como a tímida cerva se esquiva à perseguição do jaguar. Mas era embalde, o ardente e apaixonado mancebo achava sempre ensejo de atravessar-se em seu caminho, arrojava-se a seus pés e, com a eloquência animada e quente do fogo do coração, declarava-lhe todo o ardor da paixão que o consumia, e em vão lhe pedia uma palavra, um gesto, uma tênue esperança. A filha do mar parecia possuir um talismã que a preservava de toda e qualquer paixão; seu coração resistia ao embate das mais provocadoras seduções, como as rochas da ilha encantada resistiam ao choque perene das ondas enfurecidas.

Às palavras inflamadas do mancebo respondia ela