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Por que foges, branca fada
De formosura sem par?
Por que me escondes teu brilho
Formosa estrela do mar?
   Ronca em torno a tempestade,
   Meu barco vai soçobrar.

Só tu podes no meu peito
Uma esperança plantar;
E as tormentas que me cercam,
Com tua luz aplacar.
   Nestes medonhos abismos
   Não me deixes soçobrar.

Ferve o mar, o céu em chamas
Vem abismos aclarar;
Nestas águas desastrosas
Vai meu barco soçobrar,
   Vem salvar-me por piedade
   Formosa estrela do mar…!

Calou-se o mancebo, e após instantes ouviu os ecos de uma voz de mulher, voz pura, argentina, suavíssima, mas ao mesmo tempo de tão sonora vibração, que se fazia ouvir distintamente por entre o marulhar das ondas agitadas, e as brisas do mar levavam aos ouvidos de Rodrigo, moduladas com inefável melodia, as seguintes endechas: