escaldava o cérebro ao mancebo, e ralhava-lhe o coração, até que a fadiga lhe vinha cerrar os olhos em um sono febril e agitado. Então Regina lhe aparecia náufraga lutando sobre as ondas em ânsias de desespero, e estendendo-lhe os braços convulsos a pedir socorro; mas ele, pregado em seu barco imóvel, fazia em vão desesperados esforços para correr a salvá-la; seus membros inertes e pesados como chumbo não queriam mover-se e parecia terem-se petrificado. Depois a ia encontrar morta estendida sobre a praia, hirta e gelada, extinta a luz nos olhos vidrados, lívidos e mudos para sempre aqueles lábios formosos, donde se desprendiam tão doces canções e sorrisos fascinadores. Afrontado então de horrível pesadelo, acordava, saltava do leito hirto e a tremer, os cabelos a pino, a fronte banhada em suor gélido. Ah! A realidade surgia então em seu espírito, tão medonho como esse sonho, que não fora mais que um reflexo da verdade. Só faltava ter diante dos olhos o cadáver de Regina, o qual estava certo que ao romper do dia iria encontrar estirado na praia tal qual o tinha visto em sonho, e novas e mais pungentes angústias vinham ralhar-lhe o coração.
De novo adormecia em um febril letargo, e sonhava que havia salvado das ondas a moça semimorta, e a recolhera em seu barco, donde ela,