A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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nervosa e tremulamente, estendeu a mão aberta ao Pereira:

— Toque! Agora sim! Agora fica palavra dada!

— E nosso Senhor lhe ponha virtude, concluiu o Pereira, firmado no immenso guarda-sol para se erguer. Então no sabbado, em Oliveira, para a escriptura... Assigna V. Ex. aou o Sr. padre Soeiro?

Mas o fidalgo calculava:

— Não, homem, não póde ser! No sabbado, com effeito, estou em Oliveira, mas são os annos da mana Maria da Graça...

O Pereira destapou de novo os maus dentes, n’um riso de estima:

— Ah! e como vae a snr. aD. Maria da Graça? Ha que edades a não vejo! Desde o anno passado, na procissão de Passos, em Oliveira... Muito boa senhora! Muito dada! E o Sr. José Barrôlo? Pessoa excellente tambem, a valer, o Sr. José Barrôlo... E que terra a d’elle, a Ribeirinha! A melhor propriedade d’estas vinte leguas em redor. Linda propriedade! A do André Cavalleiro que lhe está pegada, a Biscaia, não se lhe compára — é como cardo ao pé de couve.

O Fidalgo da Torre descascava um pecego, sorrindo:

— Do André Cavalleiro nada presta, Pereira! Nem terra, nem alma!