pendia a polé, e no lagedo os buracos em que se escorava o potro. E, n’essa surda e humida cova, ovençal, bufarinheiro, clerigos e mesmo burguezes de fôro uivavam sob o açoite ou no torniquete, até largarem agonizando o derradeiro morabitino. Ah! a ramantica Torre, cantada tão meigamente ao luar pelo Videirinha, quantos tormentos abafára!...
E de repente, com um berro, Gonçalo agarrou de sobre a mesa um volume de Walter Scott, que atirou sem piedade, como uma pedra, contra o tronco de uma faia. É que descortinára o gato da Rosa cozinheira, trepado, d’unhas fincadas n’um ramo, arqueando a espinha, para assaltar um ninho de melros.
Quando n’essa tarde o Fidalgo da Torre, airoso no seu fato novo de montar, polainas de couro polido, luvas de camurça branca, parou a egua ao portão da Feitosa — um velho todo esfarrapado, com longos cabellos cahidos pelos hombros e immensas barbas espalhadas pelo peito, immediatamente se ergueu do banco de pedra onde comia rodellas de chouriço, bebendo d’uma cabaça, para o avisar que o Sr. Sanches Lucena e a Sr. aD. Anna andavam por fóra, de carruagem. Gonçalo pediu ao velho que puchasse o ferro da sineta. E entregando um cartão