A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Assim se avizinhavam da Bica-Santa, um dos sitios decantados d’aquellas cercanias formosas. Ahi a estrada, cortada na encosta d’um monte, alarga e fórma um arejado terraço, d’onde se abrange todo o valle de Corinde, tão rico em casaes, em arvoredos, em seáras, em aguas. No pendor do monte, coberto de carvalhos e de fragas musgosas, bróta a fonte nomeada, que já em tempos d’El-Rei D. João V curava males d’entranhas — e que uma devota senhora de Corinde, D. Rosa Miranda Carneiro, mandou encanar desde o alto até a um tanque de marmore, onde agora corre beneficamente, por uma bica de bronze, sob a imagem e patrocinio de Santa Rosa de Lima. De cada lado do tanque se encurvam dous compridos bancos de pedra, que a espalhada ramaria das carvalheiras tolda de sombra e frescura. É um suave retiro onde se apanham violetas, se comem merendas, e senhoras dos arredores se sentam em rancho, nas tardinhas de domingo, escutando os melros, gozando a povoada, luminosa e verdejante largueza do valle.

Antes porém de desembocar na Bica-Santa, e perto do logar do Serdal, a estrada de Corinde quebra n’uma volta: — e, ahi, de repente, a egua pulou, n’um reparo, que obrigou o Fidalgo da Torre, desconfiado da pericia do Sôlha, a deitar a mão á caimba do freio. Fôra o encontro inesperado d’uma